Som de brócolis
Outro dia, estava eu na correria, como todo santo dia. Não despendurei da internet nem por um segundo (nem a conexão com a rede caiu), andei de uma baia a outra em minireuniões e atendi um telefonema atrás do outro. Às 18h, como havia chegado mais cedo no dia, resolvi fechar a lojinha e ir para a sala dos professores, pra dar uma relaxada e jogar conversa fora com meus convivas docentes.
Chegando lá, na mesa de sempre estavam quatro professores tentando conversar, enquanto outro, em frente ao seu notebook, escutava chorinho em alto e bom som. Antes de me sentar com eles já me sentia incomodado, pois chorinho, além de ser um pé no saco, naquele volume extrapolava qualquer limite do bom senso (e do bom gosto também). À medida que os colegas aumentavam o tom de voz para tentar se fazerem entender, o "bondoso" professor aumentava o volume do note, fazendo caras de quem estava sendo incomodado.
No que os falantes começavam a pipocar por conta do volume, uma das professoras na mesa resolveu fazer uma brincadeira a respeito da música, pra ver se o colega se tocava. E se tocou. Mas se tocou tão fundo, que ficou ofendido. Tão ofendido que ficou com a brincadeira entalada na garganta, esperando uma oportunidade de se vingar.
No outro dia, o mesmo chato apareceu com um iPod. Como ninguém podia escutar a porcaria que tocava (graças a Deus) só para ele, resolveu batucar na mesa em que eu estava concentrado terminando de escrever um texto para a aula que daria em seguida. Percebendo que eu não dava bola, batucou mais forte, a ponto de balançar a mesa e, finalmente, me chamar a atenção. Olhei para ele e pedi que maneirasse no batuque. Ele continuou a batucar e me perguntou se eu não curtia Zebedeu do Batuque (ou qualquer merda parecida).
Polidamente, respondi que nunca tinha ouvido falar e que, pelo batuque deveria ser uma bosta. Ele, então, retruca dizendo que o tal Chiquinho (ou qualquer bosta do gênero) um dia foi entrevistado por ninguém menos que Zimbiquira da Távola (ou qualquer crítico musical debilóide do meio). Com a minha cara e meu tom de voz mais cínicos, respondi um sonoro 'É meeeeeesmo?!' Insistente, ele retruca que o tal Chimboquinha (ou qualquer coisa parecida) era um grande crítico musical e que essa informação deveria, pelo menos, me fazer respeitar um pouco mais o tal músico. Mais um 'É meeeeeesmo?!' foi o suficiente para ele perguntar se eu estava sendo irônico e ficar ofendido com a minha falta de gosto musical.
Lembrando desses fatos, fico me perguntando porque eu deveria achar o máximo um monte de músicas que são cantaroladas como mantras em todas as rodinhas de intelectuais que se acham descolados porque gostam de algum artista brasileiro obscuro que foi descoberto vendendo cará em conserva numa feira de uma cidadezinha sem luz nem água encanada no interior de qualquer fim de mundo miserável.
Tudo bem! A gente deve valorizar o sujeito que saiu do nada e agora enche o rabo de dinheiro com algum tipo de expressão artística. Mas, por favor, não me empurrem esse lixo, como minha mãe fazia comigo aos oito anos. Ela vivia me dizendo que brócolis era gostoso, fazia bem e que eu deveria comer e gostar. Esse tipo de música é brócolis para os meus ouvidos.
Eu sei que meu gosto musical não agrada a todos. Sei também que, enquanto publicitário que sou, tenho que ser eclético. Isso não quer dizer que vou ficar incomodando os outros enquanto escuto Misfits, Flogging Molly, Nine Inch Nails ou um bom e velho Dead Keneddys. E eu não sou obrigado a gostar de qualquer porcaria só porque é alternativo, porque toca no Caldeirão do Huck ou porque é brasileiro.
Aliás, acho um porre esse povo que, ao me perguntar sobre qualquer cantor ou gênero musical, faz aquela pergunta: “Mas como você pode não gostar de XYZ???”
Caralho! Não gosto e ponto! Ninguém pode me obrigar de gostar de nada. E nem adianta tentar me provar que eu tenho que gostar. Pagode, por exemplo, brócolis. Axé, brócolis. Amy Winhouse, brócolis. Shakira, brócolis. Engenheiros do Hawaii, Titãs, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Rita Lee, Alceu Valença e Família Caimy são um monte de brócolis!
Então, meus caros, não tentem me empurrar o lixo que vocês ouvem. Não percam tempo.
Tenho 35 anos e continuo não comendo brócolis.
Chegando lá, na mesa de sempre estavam quatro professores tentando conversar, enquanto outro, em frente ao seu notebook, escutava chorinho em alto e bom som. Antes de me sentar com eles já me sentia incomodado, pois chorinho, além de ser um pé no saco, naquele volume extrapolava qualquer limite do bom senso (e do bom gosto também). À medida que os colegas aumentavam o tom de voz para tentar se fazerem entender, o "bondoso" professor aumentava o volume do note, fazendo caras de quem estava sendo incomodado.
No que os falantes começavam a pipocar por conta do volume, uma das professoras na mesa resolveu fazer uma brincadeira a respeito da música, pra ver se o colega se tocava. E se tocou. Mas se tocou tão fundo, que ficou ofendido. Tão ofendido que ficou com a brincadeira entalada na garganta, esperando uma oportunidade de se vingar.
No outro dia, o mesmo chato apareceu com um iPod. Como ninguém podia escutar a porcaria que tocava (graças a Deus) só para ele, resolveu batucar na mesa em que eu estava concentrado terminando de escrever um texto para a aula que daria em seguida. Percebendo que eu não dava bola, batucou mais forte, a ponto de balançar a mesa e, finalmente, me chamar a atenção. Olhei para ele e pedi que maneirasse no batuque. Ele continuou a batucar e me perguntou se eu não curtia Zebedeu do Batuque (ou qualquer merda parecida).
Polidamente, respondi que nunca tinha ouvido falar e que, pelo batuque deveria ser uma bosta. Ele, então, retruca dizendo que o tal Chiquinho (ou qualquer bosta do gênero) um dia foi entrevistado por ninguém menos que Zimbiquira da Távola (ou qualquer crítico musical debilóide do meio). Com a minha cara e meu tom de voz mais cínicos, respondi um sonoro 'É meeeeeesmo?!' Insistente, ele retruca que o tal Chimboquinha (ou qualquer coisa parecida) era um grande crítico musical e que essa informação deveria, pelo menos, me fazer respeitar um pouco mais o tal músico. Mais um 'É meeeeeesmo?!' foi o suficiente para ele perguntar se eu estava sendo irônico e ficar ofendido com a minha falta de gosto musical.
Lembrando desses fatos, fico me perguntando porque eu deveria achar o máximo um monte de músicas que são cantaroladas como mantras em todas as rodinhas de intelectuais que se acham descolados porque gostam de algum artista brasileiro obscuro que foi descoberto vendendo cará em conserva numa feira de uma cidadezinha sem luz nem água encanada no interior de qualquer fim de mundo miserável.
Tudo bem! A gente deve valorizar o sujeito que saiu do nada e agora enche o rabo de dinheiro com algum tipo de expressão artística. Mas, por favor, não me empurrem esse lixo, como minha mãe fazia comigo aos oito anos. Ela vivia me dizendo que brócolis era gostoso, fazia bem e que eu deveria comer e gostar. Esse tipo de música é brócolis para os meus ouvidos.
Eu sei que meu gosto musical não agrada a todos. Sei também que, enquanto publicitário que sou, tenho que ser eclético. Isso não quer dizer que vou ficar incomodando os outros enquanto escuto Misfits, Flogging Molly, Nine Inch Nails ou um bom e velho Dead Keneddys. E eu não sou obrigado a gostar de qualquer porcaria só porque é alternativo, porque toca no Caldeirão do Huck ou porque é brasileiro.
Aliás, acho um porre esse povo que, ao me perguntar sobre qualquer cantor ou gênero musical, faz aquela pergunta: “Mas como você pode não gostar de XYZ???”
Caralho! Não gosto e ponto! Ninguém pode me obrigar de gostar de nada. E nem adianta tentar me provar que eu tenho que gostar. Pagode, por exemplo, brócolis. Axé, brócolis. Amy Winhouse, brócolis. Shakira, brócolis. Engenheiros do Hawaii, Titãs, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Rita Lee, Alceu Valença e Família Caimy são um monte de brócolis!
Então, meus caros, não tentem me empurrar o lixo que vocês ouvem. Não percam tempo.
Tenho 35 anos e continuo não comendo brócolis.
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