7.2.07

A insustentável 'estupideza' do ser*

A cada dia tenho mais certeza que o ser-humano é uma aberração da natureza, especialmente quando me refiro à inteligência (e podem acreditar que incluo a mim e a todos os que me lêem neste momento). A sua capacidade de agir estupidamente, principalmente em bando é incrível!
Alguns de nós, bípedes implumes, às vezes temos surtos de inteligência relâmpago, aliados à uma vontade irresistível de fazer algo certo e que possa ajudar àqueles que não comeram fígado na primeira infância. Durante esses surtos, uma idéia interessante surge e, por até ser boa, vai resolver o problema de um monte de gente.
A idéia então é apresentada a um grupo em questão. Num primeiro momento, individualmente, já que as necessidades são individuais e requerem adaptações específicas (o surto de inteligência às vezes tem um período de exacerbação prolongado). E ainda nesse primeiro momento, os indivíduos aceitam a proposta, já que foi proposta uma solução para os seus problemas. Felizes, esses seres se reúnem para contar a novidade.
Aí é que vem a merda...
Sempre tem uns dois no grupo que aceitaram a proposta, mas no fundo queriam mais. Acharam um absurdo aquela solução 'pífia', pois tinham um projeto mirabolante que solucionaria seu problema um dia. Para completar, não se conformam com a felicidade dos outros integrantes do grupo. 'Aqueles pobres coitados não sabem de nada!'
Então partem para a desestabilização do grupo, chamando-os de burros e cegos por não estarem vendo que a solução proposta, na verdade, é só uma maneira de prejudicá-los. E que a situação anterior era melhor. Na merda, mas melhor.
O bando, então, decide ficar na mesma. Mais vale ficar na mesma do que tentar algo novo. 'Vamos dizer àquele idiota que a idéia pode ser boa pra ele, mas não serve pra gente!'
E assim termina mais um capítulo da 'estupideza' coletiva humana, em que até temos a oportunidade de melhorar, mas por conta do nosso déficit de inteligência, continuamos a comer capim.


* Os e-mails do meu chefe sempre vêm com uma citação após sua assinatura. A que está agora é do Guimarães Rosa: "O sapo não pula por boniteza, mas por precisão". Gosto do estilo GR de escrever.