6.3.06

Liberdade de repressão

Detesto chover no molhado, principalmente quando um assunto já está quase se esgotando. Mas até então, fiquei bem quietinho a respeito da tal liberdade de expressão ocidental.
Na verdade, eu já comecei a ficar meio engasgado com essa história das publicações das charges do profeta Muhammad. Além da falta de respeito, pois Muhammad é o símbolo maior da religiosidade e união do povo muçulmano em geral, foi de uma imensa cara-de-pau por parte dos jornais que alegavam a tal da liberdade de expressão (os mesmo jornais que ficam cheios de dedos ao falar de assuntos tabus, como anti-semitismo, homossexualismo, etc.).
Depois, vem uma nota que eu li no jornal sobre a apreensão de exemplares do "Protocolos dos Sábios de Sião". Tudo bem, vá! O livro não é nenhum tratado verossímil, tampouco tem suas teorias comprovadas, mas também não o considero ofensivo.
Junto de tudo isso, vem aquele monte de notícias que ouvimos sobre os "proporcionais" contra-ataques israelenses ao povo palestino, a retirada dos mesmos de seus territórios para a criação do Estado de Israel, as retaliações contra o legalmente eleito Hamas, e por aí vai.
Não estou querendo aqui fazer apologia ao anti-semitismo ou a qualquer outro tipo de preconceito, racismo, mesmo porque, tenho amigos (bons amigos, aliás) judeus, muçulmanos, homossexuais e negros (além do que, sou afrodescendente). Quero fazer apologia a duas coisas: à igualdade no direito à liberdade de expressão e ao respeito na liberdade de expressão. Uma dicotomia extremamente complicada, mas que faço questão de pô-la em prática.
Tenho, sim, o direito de falar o que eu quero, garantido pela Constituição (obviamente que o mesmo só me é garantido se não o fizer anonimamente). Mas tenho também o dever de respeitar. Respeitar a crença de alguém, da qual não compartilho. Respeitar a nacionalidade alheia. Respeitar a opção sexual do meu (minha) amigo(a). Tenho o direito de falar, de me expressar, mas NÃO DE OFENDER!
Pra completar, lendo o surra hoje, vi uma nota que já havia lido antes no jornal, sobre a tentativa fruastrada de retirada do Paradise Now no Oscar. E hoje, ao ler os premiados, que surpresa: Paradise Now perdeu prum filme sulafricano (duuuuhh!). Por que será, hein? A mesma academia que aclama Munique, apedreja Paradise Now...
Realmente uma palhaçada. Criticaram os nazistas e regimes facistas totalitários em geral, mas estão sendo imbecis na mesma proporção.
Cabe aqui aquele velho ditado, com uma pequena alteração:
Em se tratando de liberdade de expressão, aos amigos, tudo. Aos inimigos a lei, os mísseis, Guantanamo...

5 Comments:

Blogger Paty então falou:

Faz sentido. Também achei esquisita essa história e a mídia brasileira de macaca de imitação no negócio. Chute na santa não pode, mas charge de Maomé pode? Dois pesos e duas medidas! Para nós é ridículo não poder desenhar o profeta, mas é a crença deles, oras. Vamos ser mais antropológicos e respeitar as crenças alheias.

Só discordo de uma coisa: Hollywood não aclamou "Munique", que saiu sem nadinha do Oscar. E, convenhamos, o Spielberg ficou tão preocupado em não parecer que estava tomando partido dos judeus que acabou fazendo um filme frio (defeito) e com um final de moral cínica (qualidade).

3/07/2006 1:48 AM  
Blogger Lelo então falou:

Olha, Munique pode até não ter sido premiado, mas com certeza a academia ficou feliz em ver o Mossad retratado como um esquadrão de super-heróis comuns, mas que são hiperpatriotas e enfrentam o grande inimigo, não deixando um vivo pra contar a história, nem pedra sobre pedra.
E eu não caí na ladainha do Spielberg sobre não parecer tendencioso. Hollywood é pior do que Brasília ou Washington. Politiquinhas aos montes, toma lá, dá cá... Por que será que Ang Lee foi premiado melhor diretor? Ao mesmo tempo que Crash ganhou melhor filme e não BB Mountain?

3/07/2006 1:18 PM  
Anonymous Anônimo então falou:

Será que é pq 95% de Hollywood é de judeus?

3/08/2006 4:17 PM  
Blogger Paty então falou:

Ah, mas o discurso radical do Mossad foi muito bem representado naquele personagem loiro de olhos claros (o que não fazia nada, a não ser reclamar :D). Assassinatos seletivos? Pra mim ele defendia era a limpeza étnica mesmo...

Gostei de "Munique" porque mostra que os dois lados estão errados nessa josta de guerra inútil. Religião é o cacete, todos querem é terra, água e poder.

3/08/2006 11:44 PM  
Blogger Lelo então falou:

Psycho, tenho CERTEZA de que é isso. Fora os outros 5% restantes que puxam o saco 'circuncisado' da maioria.

Bom, Patty, pelo menos nisso concordamos. Enfim, não estou só!

3/09/2006 3:13 PM  

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